O comércio em Salvador, antes da abertura dos portos, estava sob o controle dos portugueses, que residiam e trabalhavam, em sua maioria, na Cidade Baixa.
Eles gozavam de grande prestígio e estavam integrados, sobretudo, na Ordem Terceira do Carmo, assim como na irmandade de N. Sra. da Conceição da Praia.
Os comerciantes portugueses financiavam a produção açucareira e controlavam boa parte das propriedades agrícolas que ficavam hipotecadas devido aos empréstimos realizados, juntamente com as instituições religiosas e leigas.
Em 1800, o governador D. Fernando J. de Portugal já informava que
o comércio da Bahia supria a produção do fumo, açúcar e outros gêneros, em
“dinheiro, fazendas e escravos”, recebendo as colheitas em pagamento, havendo
comerciantes que assistiam de 12 a 20 senhores de engenho ou de 300 a 400
lavradores de fumo (AMU, 2009, p.245).
Ainda em 1781, Silva Lisboa afirmou que a Bahia “fornece mais
carga aos seus navios, do que nenhuma outra cidade do Brasil”, saindo 40 navios
de 800 toneladas ou mais para Portugal (AMU, 2007, p.504).
Vilhena (1969, p.56) afirmava, em 1799, que era “a praça da Bahia
uma das mais comerciosas das colônias portuguesas”.
Em 1796 e 1797 a Bahia era ainda o maior porto exportador da
Colônia, sendo superado pelo porto do Rio de Janeiro no período de 1798-1807
(considerando as exportações mineiras), mas essa posição ainda foi recuperada
nos anos de 1808 e 1809; o Rio de Janeiro voltou a liderar nos anos de 1810 e
1811 (ARRUDA, 1980, p.141-142).
Os comerciantes baianos tentaram reter o príncipe D. João em
Salvador, oferecendo "um magestoso palacio" para o regente, o que foi
recusado "em consequencia de temer o mesmo Principe a pouca segurança da
barra e porto d´esta capital, que por isso reputava incapaz de servir de corte
...” (ACCIOLI, 1931, p.48).
O comissário Balthasar da Silva Lisboa, com interessante visão estratégica, realizou o pedido para:
O comissário Balthasar da Silva Lisboa, com interessante visão estratégica, realizou o pedido para:
[...] que fosse transferida para aqui a sede da côrte estabelecida
no Rio de Janeiro [...] a Bahia foi a primeira terra do Brazil povoada [...]; A
abertura do porto por seo vistoso archipelago onde podem ancorar todas as
armadas do mundo [...]; o seu incomparavel porto, o mais bello do mundo, está
como no centro das colonias de V. A. que dominando a Africa, lhe abre uma
comunicação tanto mais facil e breve com a Asia, como com as nações alliadas da
Europa, quanto fica sendo o seo commercio mais activo [...]. (ACCIOLI, 1931,
p.231-232).
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