Não há como falar de nosso bairro sem falar de Brotas, pois a
Fazenda da Boa Vista era localizada na freguesia de Nossa Senhora de Brotas.
Seu proprietário era o senhor de engenho e traficante de escravos Manoel José
Machado, bom, mas como falei no post anterior, sabe-se que ele foi proprietário, mas não o primeiro.
Há também uma divergência com outras fontes de pesquisa no que se refere
ao nome do proprietário da Fazenda Boa Vista, alguns trazem Manoel José
Machado, outras fontes trazem que era Joaquim José de Santana Machado (um nome
masculino), outras já trazem o mesmo nome, só que no feminino, Joaquina Josefa
de Santana Machado e que segundo o IPAC-BA, em 1824, esta recebeu o Solar como herança.
Divergências à parte, o que se sabe ao certo, e que
já disse em post anterior, é que na época, as terras da fazenda abrangiam uma
larga área que compreendia grande parte do atual bairro de Brotas, Engenho
Velho da Federação até a Avenida Lucaia (trecho final da hoje Avenida Vasco da
Gama, encontrando a Av. Lucaia, no Parque Cruz Aguiar) e era conhecido no
início do século XIX como sendo a “Roça dos Machados”.
Em 1831, o Solar foi vendido a Joaquim Ramos de
Araújo. Assim, de uma Fazenda, Engenho,
Roça, Casarão, Solar nasceu o bairro Engenho Velho de Brotas.
Podemos entender, portanto, que naquela época, a
Fazenda Boa Vista era uma fazenda que tinha como função principal a de
abastecimento, uma vez que detinha uma extensa área de produção agrícola.
Ao longo do tempo, as freguesias passam a ser distritos, e Brotas
enquanto distrito, segundo Araújo (1999, p. 71) compreendia vasta superfície em
que se incluíam áreas correspondentes ao Cabula, Boca do Rio, Pituba, Estrada
Velha do Aeroporto etc. e, ao mesmo tempo abrigava uma população extremamente
rarefeita, ou seja, pouco populosa, comparada a outros distritos de Salvador.
Havia uma dificuldade grande para um morador da cidade ir à
Brotas, pois era muita roça, segundo o depoimento de Hildegardes Vianna em
1998, já por Dr. Mauro Barreira de Alencar, traz que Brotas, Matatu era tudo um
laranjal, sendo Frederico Costa um dos proprietários.
Outra figura conhecida que também foi morador em Brotas em sua
juventude é Dr. Norberto Odebrecht, este destaca Brotas como um bairro que era
escolhido para morar em virtude do seu clima seco e oxigenado pelas matas,
recomendado para a cura de muitas doenças, inclusive a tuberculose, característica
essa que abrangia nosso bairro também.
Conta-se que a altitude e o sítio arborizado do entorno do Solar
do Machado atendiam às pretensões do pai do poeta, Dr. Antônio José Alves, que
era instalar no Solar um misto de residência familiar e hospital para atender
seus pacientes.
Segundo Norberto Odebrecht, Brotas era um bairro preferido,
principalmente por estrangeiros, que gostavam de um clima mais alto,
temperatura mais amena, porque era a parte mais alta de Salvador.
No próximo post veremos mais sobre a história do nosso bairro.
Acompanhe!
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, Ubiratan Castro de. Salvador era assim/ memórias da
cidade. Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, Salvador, 1999. [Acesso em
15/03/2016];
Engenho das Memórias. Organização: Márcio Nicory (Professor da
Oficina de Pesquisa e Memória do Ponto
de Cultura) | Pesquisa e textos: Chicco Assis, Márcio Nicory e agentes
de pesquisa da oficina de Pesquisa e Memória – Adriana Régis, Andréa Betânia da
Silva, Ednéia Rodrigues, Leila Leal, Mauro Góis | Imagens: Oficina de Pesquisa
e Memória, Acervo do Memorial Juliano Moreira, do GRID e do Grupo Badauê |
Revisão e seleção de imagens: André Araújo e
Viviane Andrade | Projeto gráfico, diagramação e ilustração: Aline Cruz
| Impressão: EGBA |Disponível em: <https://ascomfunceb.files.wordpress.com/2010/10/2010-o-engenho-das-memorias-cine-teatro-solar-boa-vista.pdf>
[Acesso em 28/02/20016];
Guia Geográfico Cidade do Salvador - Solar Boa Vista e Capela São
João de Deus. Disponível em: <www.cidade-salvador.com/patrimonios/boavista/solar-boa-vista.htm>
[Acesso em 05/06/2016].
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