segunda-feira, 6 de junho de 2016

JULIANO MOREIRA: UM MÉDICO BAIANO QUE FEZ HISTÓRIA

Nossa gente, como nosso bairro tem história, algumas meio duvidosas, mas como diz o ditado popular: “Quem conta um conto, aumenta um ponto” e assim a gente vai desvendando, pesquisando com um olhar mais crítico, porque como diz também um outro ditado popular: "Onde há fumaça, há fogo!" Mais vamos lá!
Segundo Assis et al (2010) a área da Boa Vista teve a sua compra autorizada pela Resolução Provincial n° 1089, com o objetivo de ser utilizada para a fundação de um hospital de alienados, mas só em 24 de julho de 1874, com o nome de Asylo São João de Deus, o hospital foi inaugurado sob a responsabilidade da Santa Casa de Misericórdia da Bahia, que ficou com sua tutela até o ano de 1912.

Neste ano, o governo estadual, devido ao agravamento do estado de conservação e manutenção do casarão, toma para si a responsabilidade e torna o sanatório um órgão público e só em julho de 1925, pela Lei Municipal n° 1811, o Asilo foi renomeado de “Hospital São João de Deus”.
Em 1936, o Hospital São João de Deus passou a ser denominado Hospital Juliano Moreira, em homenagem ao professor Juliano Moreira, falecido em 1932. A sua localização era considerada adequada para um centro de saúde por estar num lugar ventilado e, na época, relativamente afastado do Centro antigo de Salvador. 
Mas você deve está se perguntando e quem foi Dr. Juliano Moreira?
               
Conforme Assis et al(2010) Pobre e negro, Juliano Moreira nasceu em Salvador, na freguesia da Sé, hoje o espaço do Pelourinho, em 06 de janeiro de 1873, e foi médico e desbravador da psiquiatria brasileira. 
Entrou na Faculdade de Medicina da Bahia, localizada no Terreiro de Jesus, Pelourinho, concluindo o curso com 18 anos, em 1891, passando em seguida a professor da mesma instituição.
Ele foi o primeiro professor universitário a citar e incorporar a teoria psicanalítica no seu ensino na Faculdade de Medicina. 
Já na faculdade, Juliano buscava provar que a questão racial não determinava as doenças mentais, e sim certos eram fatores físicos ou sociais, como a falta de higiene e o acesso à educação.                       
Assis et al (2010) também traz que uma combinação de fatores: políticos, científicos, e sanitários, acabaram levando à desativação do Hospital no Engenho Velho de Brotas e sua transferência para o bairro de Narandiba, em 18 de março de 1982. 
               
Conta-se que um dos motivos que influenciou a transferência foi a intenção de se buscar um local que fizesse referências às características originais do Solar Boa Vista, especialmente pela área verde que existia ao seu redor. A região de Narandiba, na época, era uma área em processo de urbanização e ficava afastado de aglomerações residenciais. 
Alguns moradores que conversei contam que o manicômio ia de onde é o casarão até o fim de linha, mas não o fim de linha que conhecemos hoje. Contam que o fim de linha era até onde hoje conhecemos como mercado Nova Ondina. 
Também contaram que alguns dos pacientes, ditos na época como doentes mentais, ficava com um saquinho na mão pedindo pra colocar dinheiro, de bobos eles não tinham nada, hein! Ficavam nos muros se segurando nas grades. 
Dona Lúzia, 81 anos, moradora a mais  de 60 anos, conta que ela veio morar no bairro com 13 anos e que morria de medo de passar por ali, porque volta e meia e eles fugiam e entrava na casa, ou corria atrás na rua.
Lembro-me também de uma situação que vivenciei criança, onde o rapaz, que tinha por apelido Jamaica, estava pintando o letreiro da bomboniere de minha madrinha, Bomboniere Arco-íris foi atacado por uma senhora com vestimenta de hospital, toda aberta na parte de atrás. Ela estava com uma faquinha na mão, pronta pra acertar ele, sorte que ele viu, mas revoltado foi revidar a tentativa de agressão, na hora minha madrinha viu e pediu pelo amor de Deus que não fizesse nada, que a deixasse ir embora. Na época não entendi porque aquela senhora estava vestida assim, mas diziam que alguns pacientes que fugiram ficaram vagando por lá, porque achavam que o Hospital ainda estava lá.
Nos primeiros anos da década 80 também foi realizada uma grande reforma no largo da Boa Vista, transformando-o no atual Parque Solar Boa Vista. Assim, além da chamada “Casa da Torre”, passou a integrar a paisagem do Parque Solar o Cine Teatro Solar Boa Vista e outros equipamentos de esporte e lazer, atraindo muitos frequentadores ao local. Uma pena que isso não acontece mais, comentarei mais a frente.
Bom, esse bairro tem é história, continue acompanhando e não esqueça de deixar seu comentário! Até mais pessoal!


REFERÊNCIAS

Engenho das Memórias. Organização: Márcio Nicory (Professor da Oficina de Pesquisa e Memória do Ponto  de Cultura) | Pesquisa e textos: Chicco Assis, Márcio Nicory e agentes de pesquisa da oficina de Pesquisa e Memória – Adriana Régis, Andréa Betânia da Silva, Ednéia Rodrigues, Leila Leal, Mauro Góis | Imagens: Oficina de Pesquisa e Memória, Acervo do Memorial Juliano Moreira, do GRID e do Grupo Badauê | Revisão e seleção de imagens: André Araújo e  Viviane Andrade | Projeto gráfico, diagramação e ilustração: Aline Cruz | Impressão: EGBA |Disponível em: <https://ascomfunceb.files.wordpress.com/2010/10/2010-o-engenho-das-memorias-cine-teatro-solar-boa-vista.pdf> [Acesso em 28/02/20016].

Nenhum comentário:

Postar um comentário