terça-feira, 7 de junho de 2016

ENGENHO DE TODOS OS TEMPOS!

















ENGENHO VELHO DE BROTAS: POR OUTROS OLHARES

Aqui realizei entrevista com os irmãos Celimar (81 anos), Heliomar (80 anos) e Jurimar Carvalho (85 anos), estes relataram como era o bairro na época em que moraram lá.
Senhora Celimar ainda é moradora do bairro e fala que o bairro continua a mesma coisa do que era no seu tempo, só em alguns pontos que modificaram, como o crescimento do fim de linha do bairro, que antes era até o que conhecemos hoje como Supermercado Nova Ondina.

Os irmãos também contaram que moraram na ladeira de Nanã, uma ladeira que existe até hoje, mas que naquela época, por volta da década de 40, mais ou menos, a rua era toda de cascalho, onde no máximo brincavam na porta de casa, pois ninguém vivia na casa de vizinho. 

"Brincava de gude na porta de casa", conta Dona Celimar.

O Senhor Heliomar ainda completa:
“Se um amiguinho chamasse pra brincar na casa dele, tinha que inventar que estava com dor de barriga, dor dente, qualquer coisa, pois já bastava nosso pai olhar, e já sabíamos a negativa.”

Os irmãos também contam que apesar dessa rigidez, os vizinhos tinham uma ótima convivência e relação amistosa, que podiam ficar com as portas de casa abertas sem medo, não havia violência, nem receio de roubos.

          Falaram do Manicômio Juliano Moreira, que viam os doentes mentais se segurando nas grades. A primeira esposa de Sr. Jurimar trabalhava lá e ele conta que alguns doentes mentais eram já bem conhecidos, pois volta e meia fugiam. 

       No que concerne ao deslocamento, contaram que pra ir comprar o pão tinha que descer a Ladeira do Galés, pois a única padaria que tinha era lá. 
No vídeo temos outros relatos sobre esta questão de mobilidade, entre outros assuntos, como o do lazer, o que faziam pra se divertir.






Ladeira de Nanã 
(vista de cima - como se estivesse descendo em direção ao Dique do Tororó)

OUTROS ASPECTOS DO BAIRRO: GEOGRAFIA, ECONOMIA LOCAL, RELIGIOSIDADE, ARQUITETURA E HABITAÇÃO

Não podemos deixar de falar de outros aspectos como a economia local, aspectos da religiosidade e da arquitetura e habitação.

O comércio no bairro do Engenho Velho de Brotas é muito diversificado como na maioria dos bairros populares de Salvador. 
A economia se baseia principalmente nas atividades terciárias (comércio bastante variado pertencente a habitantes do local, escolas, etc).
Encontramos de tudo um pouco e os moradores da região não precisam sair do bairro para comprar produtos de primeira necessidades. Com muitos mercadinhos e casas comerciais em todo o bairro.
Considerado o segundo bairro mais populoso de Salvador e também um conhecido gueto afrodescendentes, a religião africana (o candomblé) é predominante na região, com terreiros respeitados e espalhados pelo bairro. Mas, o que podemos perceber, conforme relatos de alguns moradores da comunidade é que o perfil religioso no Engenho Velho de Brotas foi se modificando com o passar dos anos, antes a cultura do bairro era voltada para a religião de matriz africana, com muitos terreiros ao longo das ruas, hoje o que se vê é a mudança da ocupação de terreiros de candomblé por templos e igrejas cristãs, ou seja, igrejas católias e evangélicas.
A arquitetura das casas modificaram ao longo do tempo, algumas poucas ainda mantém as mantém.








“Além das avenidas de vale, vários conjuntos habitacionais foram implantados no período, destacando-se, entre 1969 e 1978, a construção de 1432 apartamentos pela Urbis, no conjunto Solar Boa Vista, e de 2882 apartamentos pelas cooperativas da Inocoop.” (VASCONCELOS, 2002, p. 362) "ENGENHO em MEMÓRIAS" (2010)            

GEOGRAFIA




PERSONAGENS HISTÓRICOS

Manuel Faustino dos Santos Lira nasceu em Salvador, filho de uma escrava liberta. Em meados da década de 1790, com apenas 18 anos de idade, passou a frequentar reuniões secretas nas quais se discutiam os ideais da Revolução Francesa e sua possível aplicação na sociedade. 
Assim surge a Revolta dos Búzios ou Conjuração Baiana, em 1798, movimento que teve fundamental participação de escravos e seus descendentes, discutindo os caminhos para o Brasil livre da tutela portuguesa, visando uma república na qual a cor da pele não fosse razão para discriminação.
Estes heróis, que plantaram a semente da independência da Bahia 30 anos depois, colocavam nos muros da cidade papéis manuscritos chamando a população à luta: “está para chegar o tempo feliz da nossa liberdade: o tempo em que seremos irmãos: o tempo em que todos seremos iguais”... “Homens o tempo é chegado para vossa ressurreição, sim para que ressuscitareis do abismo da escravidão, para que levantareis a sagrada Bandeira da Liberdade”.
Temendo uma revolta do povo, governava a Bahia nessa época D. Fernando José de Portugal e Castro, que encarregou o coronel Alexandre Teotônio de Souza de surpreender os revoltosos. Manuel Faustino dos Santos Lira foi um dos quatro condenados à morte por enforcamento, sendo executados na Praça da Piedade.

Próxima da Rua Manuel Faustino temos a Rua Maria Felipa. Outra heroína negra, natural de Itaparica, ela se ofereceu como voluntária para espionar as tropas portuguesas em 1822. Maria Felipa foi uma liderança destacada na luta contra o domínio português, quando comandou dezenas de homens e mulheres, negros e índios, na queima de 42 embarcações de guerra que estavam aportadas na Praia do Convento, prontas para atacar Salvador. 
Esta ação foi vital para a Independência da Bahia, hoje comemorada no dia 02 de Julho. Em sua biografia destaca-se também a lendária história de quando Maria Felipa usou galhos de cansanção para dar uma surra nos vigias portugueses Araújo Mendes e Guimarães das Uvas. 
O atestado de óbito de Maria Felipa, datado de 04 de janeiro de 1873, dá uma dimensão de que após a luta da Independência, ela continuou tocando sua vida de marisqueira na ilha, até morrer.



Mestre Bimba (1900-1974)
Nascido em 23 de novembro de 1900, na então freguesia de Brotas, no atual Engenho Velho de Brotas, Manoel dos Reis Machado, filho de Luís Cândido Machado e de Dona Maria Martinha do Bomfim, Mestre Bimba, como veio a ser conhecido, foi o criador da Capoeira Regional. 
Fundindo estilos, aproveitando golpes do “batuque”, do qual seu pai era praticante e campeão, e outras artes marciais, mudando movimentos e ritmo, mexendo na malícia e postura do capoeirista, e criando um código de ética rigoroso, fundou este novo estilo. 
Mais que uma luta, Bimba queria recuperar o valor da capoeira como arte marcial, principalmente como estilo de vida. Daí, o rigor e sistemático acompanhamento pedagógico aos seus alunos-praticantes.

MINHAS RUAS DA INFÂNCIA: RUA ALMIRANTE ALVES CÂMARA E RUA DOS TROVADORES

Esta é a Rua Almirante Alves Câmara, morei nesta rua até os 10 anos de idade. 
Trago aqui história dele, mas não encontrei nada em minhas pesquisas que o relacionasse ao bairro de maneira mais significativa, o que nos faz pensar que foi uma mera homenagem patriótica, o mesmo nome foi dado ao Terminal de Petróleo (TEMADRE) localizado em Madre de Deus, Bahia.
Antônio Alves Câmara Júnior nasceu em Salvador (BA) no dia 5 de agosto de 1891, filho do contra-almirante Antônio Alves Câmara e de Breginata Brasil Câmara. 
Frequentou o Colégio Militar (RJ), ingressando em 1908 na Escola Naval. Em março de 1916, foi promovido à primeiro-tenente, servindo no cruzador Bahia.
Em 1919, foi designado para servir na Diretoria de Hidrografia. Foi promovido a capitão-tenente em novembro de 1921. Em maio de 1924, assumiu o comando do Tenente Lahmeyer, sendo exonerado um ano depois.
Em 1926, foi transferido para o cruzador Bahia e rumou para a Filadélfia, nos Estados Unidos da América (EUA). Em 1928, foi designado para servir na Diretoria de Armamento, de onde sairia no ano seguinte ao ser nomeado encarregado de navegação do encouraçado São Paulo. Em novembro de 1930, logo após a revolução, foi dispensado de seu cargo. 
No início de 1932, exerceu por um mês o comando da Escola de Aprendizes de Marinheiro do Rio Grande do Norte, e foi promovido a capitão-de-corveta.
Em 10 de outubro de 1932, Alves Câmara foi preso e recolhido ao navio auxiliar Pedro I por suspeita de envolvimento com a Revolução Constitucionalista. Em 1934 foi nomeado comandante do navio auxiliar Rio Branco. Permaneceu no cargo até março de 1937, quando foi designado para servir na Diretoria de Navegação, onde se encontrava quando ocorreu o golpe do Estado Novo.
Em julho de 1938, foi designado técnico do Ministério da Marinha junto ao Conselho Nacional de Geografia e, em outubro, foi promovido a capitão-de-fragata. Em janeiro de 1941, foi designado para servir na seção de informações do Estado-Maior da Armada (Ema). 
Quatro meses depois se desligou do Ema por ter sido nomeado comandante do contratorpedeiro Mariz e Barros, posto que ocuparia até o final da Segunda Guerra Mundial. Após ser promovido a capitão-de-mar-e-guerra em julho de 1944, Alves Câmara voltou à Filadélfia (EUA) para receber armamento projetado para o Mariz e Barros
Em abril de 1945 assumiu o comando do encouraçado São Paulo. A partir de outubro passou a representar a Marinha junto à comissão encarregada de estudar o mapeamento do território nacional. 
Em janeiro de 1946, foi promovido a contra-almirante, assumindo o cargo de diretor-geral de Hidrografia e Navegação da Armada. Exonerado deste cargo em março de 1949, passou a dirigir a Escola Naval.
Foi promovido a vice-almirante em fevereiro de 1952, sendo a seguir exonerado da Escola Naval para assumir pela segunda vez a Diretoria de Hidrografia e Navegação. Em 1953, foi nomeado inspetor-geral da Marinha e, pouco depois, secretário-geral da Marinha. 
Exonerado da Secretaria Geral em janeiro de 1954, foi nomeado adido naval junto à embaixada brasileira em Washington. Em julho desse ano foi promovido a almirante-de-esquadra, e em janeiro do ano seguinte retornou ao Brasil.
Em 1955, Juscelino Kubitschek e João Goulart foram eleitos presidente e vice-presidente da República, iniciando-se um movimento das forças derrotadas, com fortes bases no governo, no sentido de impedir a posse dos eleitos. Kubitschek manteve Alves Câmara à frente do Ministério da Marinha. 
No mês seguinte, eclodiu a Revolta de Jacareacanga (PA), envolvendo militares da Aeronáutica sob a chefia do major-aviador Haroldo Veloso e do capitão-aviador José Chaves Lameirão. Com os outros ministros militares, Alves Câmara colaborou para debelar o movimento, o que foi alcançado em uma semana.
Em fins de 1956, ainda durante a gestão de Alves Câmara à frente da pasta da Marinha, o governo brasileiro autorizou a aquisição do porta-aviões Vengeance, rebatizado como Minas Gerais.

Esta é a Rua dos Trovadores, morei nesta rua dos 10 aos 26 anos.

Não há relatos oficiais que expliquem o porquê deste nome para essa rua, mas se formos analisar quem eram os Trovadores, segundo o site "Vírus da arte & cia", os Trovadores faziam parte da nobreza e compunham música e poesia tendo o amor como tema preferido. Viviam de favores nas cortes.
Suas poesias eram chamadas de cantigas, havendo dois tipos delas: lírico-amorosas (cantiga de amor e cantiga de amigo) e satíticas (além de expressarem o seu eu lírico amoroso, também se preocupavam em ridicularizar os costumes da época, ou seja, os falsos valores morais).
As cantigas eram escritas à mão e reunidas em livros conhecidos como Cancioneiros. Pode-se dizer que o trovadorismo foi a primeira manifestação literária da língua portuguesa.
Isso nos remete automaticamente ao poeta Castro Alves e à sua obra, além de poesia de caráter social, este grande escritor também escreveu versos líricos-amorosos, de acordo com o estilo de Vítor Hugo. Pode-se dizer que Castro Alves foi um poeta de transição entre o Romantismo e o Parnasianismo.

REFERÊNCIAS
FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS - CPDOC. Disponível em: <http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/JK/biografias/Alves_Camara> [Acesso em 07/06/2016];


VÍRUS DA ARTE & CIA - 
Site brasileiro especializado em arte e cultura. Disponível em: <http://virusdaarte.net/os-menestreis-e-os-trovadores/>. [Acesso em 07/06/2016].


TERREIROS DE CANDOMBLÉ

O candomblé do Engenho Velho de Brotas, de uma forma ou de outra, deu nascimento a todos os demais, e foi o primeiro a funcionar regularmente na Bahia.
TERREIRO DO BOGUM: ZOOGOODÔ BOGUM MALÊ RUNDÔ
             
Localizado na Ladeira Bogum, antiga Manoel Bonfim, o Terreiro do Bogum, Zoogodô Bogum Malê Rundó, diferente dos outros terreiros de Salvador, é de nação Jeje, com tradição ligada ao Benin. Os Jeje entraram no Brasil por volta do século XVII e início do século XVIII, sua marca cultural tem registro na Bahia e em Mina.
A língua falada em seus rituais é o ewé, do povo fon, e as entidades cultuadas são os voduns do Daomé. A sucessão no Terreiro do Bogum se dá pela linhagem e através dos búzios. Mãe Índia, chefe do terreiro do Bogum, é sobrinha-neta de Valentina, Mãe Runhó. Uma das tradições do Terreiro é a missa em homenagem a São Bartolomeu, realizada anualmente há duzentos anos. Conta-se que neste terreiro refugiavam-se escravos e negros malés.
- CASA BRANCA DO ENGENHO VELHO
              
Situada na Avenida Vasco da Gama, a Casa Branca do Engenho Velho, ou Ilê Axé Iyá Nassô, foi tombada em 1984 e é considerada o primeiro Monumento Negro do Patrimônio Histórico do Brasil.

Conta-se que a Casa Branca é a primeira casa de candomblé aberta em Salvador. O centro foi fundado em um engenho de cana, então transferido para uma roça na Barroquinha – ainda nos limites urbanos da cidade. 
Com o crescimento do centro administrativo da cidade de Salvador, ocorre uma migração da população para outras áreas. Iya Nassô, uma das negras africanas fundadoras do terreiro, arrendou terras do Engenho Velho do Rio Vermelho de Baixo, estabelecendo aí o primeiro Terreiro de Candomblé. 
Este agrupamento conta com mais de 300 anos de existência, a sucessão da se dá através da linhagem familiar. Atualmente a Iyalorixá Altamira Cecília dos Santos é a mãe de santo da casa.

segunda-feira, 6 de junho de 2016

PRESTAÇÃO DE SERVIÇO: centros de saúde, lavanderia comunitária, escolas, segurança, etc...

Nosso bairro além dos pontos de cultura conta com vários prestadores de serviços, como o Centro de Assistência Psicossocial Aristides Novis, o qual o GRID realiza um grande trabalho com os doentes mentais que são atendidos lá. Infelizmente esse trabalho encontra-se parado, pois os funcionários estão em greve.
Temos também o Posto de Saúde Santa Luzia, que oferece além de atendimento médico de diversas especialidades, como: clínico geral, ginecologia, pediatria, oferta apoio assistencial de controle da pressão arterial, diabetes e vacinação
Há também a associação comunitária de mesmo nome. 
Contamos com o NASPEC - Núcleo Assistencial a Pessoa com Câncer e atende não só a comunidade local, mas também a pessoa do interior da Bahia. Da mesma forma, acontece com Delegacia Especial de Atendimento a Mulher (DEAM)atendendo especificamente, aos problemas relacionados ao sexo feminino; contudo, são prestados serviços a ocorrências no bairro e estes encaminhados para as devidas delegacias, ambas ficam no fim de linha do bairro, na rua Padre Luiz Filgueiras.
O bairro também conta com uma lavanderia comunitária e é servido de escolas públicas: Colégio Estadual Cidade de Curitiba, Colégio Estadual Lêda Jesuíno dos Santos, Colégio Municipal João XXIII, Escola Maria Romana Calmon, Escola Municipal Martagão Gesteira.


Na Ladeira do Ogunjá (Rua Professor Aloísio de Carvalho Filho) também se encontra o Cidade Mãe, e o CREA-BA: Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia.

GRUPO UNIÃO E BLOCO ÓKÁNBÍ

Assis et al (2010) também aponta a Associação Cultural Grupo União como um exemplo de luta, resistência e criatividade. A Associação desenvolve ações artístico-educativas com o propósito de valorizar as origens do bairro. E, nesta busca, surgiu o Ókánbi, fundado em 1982, e que introduziu a beleza do toque Ijexá no Carnaval da Bahia. Ele é conduzido pelo pesquisador musical, percussionista e arte-educador, Jorjão Bafafé.

O Bloco Ókanbi surgiu como afoxé, ganhou o concurso de Momo 83 da TV Itapoã, desfilando pela primeira vez no carnaval do mesmo ano. Depois disso ficou afastado do carnaval, para o reaparecimento em 1997, na lavagem do Porto da Barra, como afoxé alternativo e se transformando em bloco.

BEJE ERÓ: os ibejis do Ogunjá

Assis et al (2010) traz que Beje Eró, que em ioruba significa “chamar os dois”, é uma associação cultural situada na Vila Viver Melhor, no Vale do Ogunjá. O grupo surgiu da idealização de Rejane Maia, atriz do Bando de Teatro do Olodum, “a baiana do filme Ó pai ó”, moradora da Vila Viver Melhor e do arte-educador, Anativo Oliveira. 
Surgido da necessidade de ocupar crianças e adolescentes, retirando-os das ruas e tentando reduzir os riscos com a exploração do trabalho, uso de entorpecentes e prostituição, a associação realiza projetos de arte-educação por meio da dança, teatro, capoeira e percussão.

INSTITUTO PIERRE VERGER

Localizada na Ladeira da Vila América, via que liga o Engenho Velho de Brotas à Avenida Vasco da Gama, na mesma casa em que Pierre Verger viveu por anos, está a Fundação que lhe empresta o nome.
A Fundação foi criada em 1988, pelo próprio Verger. Após a morte de Verger, em 1996, a Fundação vem procurando dar continuidade à obra do fotógrafo e etnólogo. Além de um centro de informações e pesquisas, a Fundação oferece oficinas em diversas linguagens artísticas, como ação griô, artes plásticas, capoeira angola, dança afro, fotografia, percussão etc.
Em entrevista com Dona Nanci de Souza (Vovó Cici), 77 anos, uma senhora alegre e super agradável, que trabalhou com Verger cerca de 5 anos, legendando suas fotografias, ela acompanhou a trajetória do fotógrafo e de muitas personalidades que existiram no Engenho Velho de Brotas. O mestre de capoeira Bimba é uma delas. Ela já viajou para diversos países, desenvolvendo projetos nas respectivas universidades, com o objetivo de exaltar a cultura afro-brasileira, conta também que a Fundação tem 28 anos e o Espaço cultural tem apenas 10 anos. Atualmente desenvolve um belíssimo trabalho como Griô, que é o mesmo que contadora de histórias.  

Vovó Cici, como uma boa contadora de história, me conta  porque a ladeira da Vila América tem esse nome, pois no fim da ladeira havia um portão com uma plaquinha escrito "Vila América", daí o nome.

HISTÓRIAS DE VOVÓ CICI

 ENTREVISTA DE DONA CICI, DISPONÍVEL EM https://www.youtube.com/watch?v=TOsaiXn7EUA, PUBLICADA EM 2008.


Pierre Verger morou aqui em nosso bairro, mas nasceu na França em 1902. Fotógrafo e etnólogo autodidata, estudioso das relações da chamada diáspora-africana (comércio e dispersão da população africana escravizada pelas Américas), o comércio e dispersão da população africana escravizada pelas Américas, das religiões afro-derivadas e das intensas trocas culturais e econômicas com a África. Viajou o mundo todo, conheceu e documentou com sua câmera, uma máquina Rolleiflex, compondo um enorme acervo de imagens das mais variadas culturas. 
Esteve pela primeira vez na Bahia em 1946 e seus interesses de pesquisa o levaram a comprar anos mais tarde, em 1960, uma casa na Vila América, atraído pela quantidade de terreiros de candomblé da área. 
Em seus últimos anos de vida, a grande preocupação de Verger passou a ser disponibilizar as suas pesquisas a um número maior de pessoas e garantir a sobrevivência do seu acervo.

REFERÊNCIA

https://engenhoca.wordpress.com/historia/

CINE TEATRO SOLAR BOA VISTA


O Cine Teatro Solar Boa Vista (SOLAR) é um dos 17 Espaços Culturais administrados pela Fundação Cultural do Estado (FUNCEB), instituição vinculada à Secretaria de Cultura (SECULT).
Inaugurado em 06 de Julho de 1984 com o propósito de ser uma opção de cultura, lazer e entretenimento para a comunidade local. 

Atualmente promove diversas atividades culturais, como shows, teatros e apresentações. Conforme Assis et al (2010) a FUNCEB conveniou-se ao Ministério da Cultura (MinC), em 2005, tornando o Cine Teatro Solar Boa Vista um Ponto de Cultura, com a proposta de oferecer oficinas de formação artística e de qualificação para outros profissionais atuantes na área cultural. Pelas 61 oficinas que já aconteceram no Ponto de Cultura passaram mais de 850 pessoas e cerca de 1600 espectadores já assistiram às mostras dos resultados.

O Ponto de Cultura do Cine Teatro Solar Boa Vista contribui com o entorno possibilitando não apenas a capacitação, mas também o fortalecimento da identidade cultural, valorização da produção cultural local, elevação da auto-estima, geração de renda e troca de saberes e fazeres entre artistas locais e artistas de outras regiões.

GRID – Grêmio de Integração de Deficientes



O GRID – Grêmio de Integração de Deficientes é uma instituição filantrópica, sem fins lucrativos que foi fundada em 1986 no instituto de reabilitação, por um grupo de pacientes e funcionários, com o intuito de promover a inclusão social entre seus associados e familiares.
A partir de 1998 o GRID passou a desenvolver atividades na área cultural, social e esportiva voltada para comunidade do Engenho Velho de Brotas, para pessoas em situação de risco ou sem perspectivas sociais. Através das ações desenvolvidas pelo GRID gerou uma parceria com a comunidade beneficiando crianças, adolescentes e adultos, estimulando o cooperativismo e associativismo entre beneficiados, se firmando como ponto de cultura.
Para manter a sua atividade fim, a instituição oferece diversos serviços à comunidade que propiciam a sua viabilidade econômica. Os recursos arrecadados com os serviços são revertidos para o atendimento à pessoa deficiente carente.
Na sua estrutura o GRID mantém o Bazar Voluntário, um espaço para desenvolver cursos voltados para capacitação da comunidade do bairro, além do trabalho realizado no CAPS ARISTIDES NOVIS que presta assistência aos deficientes mentais.
Atualmente, a presidenta é Ana Lúcia Cândida, conhecida carinhosamente por tia Ana, uma pessoa linda, iluminada, que por acreditar no trabalho realizado ao longo desses 30 anos, não abandona o barco.
Digo isso porque hoje o GRID passa por uma situação complicada, sem recursos e apoio de nenhuma entidade governamental, o ponto de cultura vem desenvolvendo também com a comunidade para mantê-la firme no seu propósito, atividades como rodas de orações, que abraça a todos, independente de religião.
Mas as atividades culturais não pararam! Em março revitalizamos a horta do CAPS que pela questão do tempo que as atividades estavam paradas, ficou sem manutenção. 
E estamos divulgando neste mês de Junho Evento “Boca de Brasa”, este evento oferece diversas oficinas gratuitas de 13 a 18/06 e será realizado na Escola Municipal Martagão Gesteira, Rua Almirante Alves Camara, mas amanhã (08/06, às 18:30 h) acontecerá um Encontro de Articulação para o Plano Municipal de Cultura.

Neste ano, através destas pesquisas, passei a ser a mais nova integrante do GRID, doando na medida do possível parte do meu tempo livre, assim, em nossas rodas de orações, realizamos palestras que trazem conhecimento e reforçam ações de cidadania. 

PONTOS DE CULTURA

Hoje nosso bairro conta com uma série de pontos de cultura, são instituições educacionais, culturais, sociais, religiosas e esportivas que tentam de algum modo preservar a história do nosso bairro, promovendo também o resgate de nossa identidade, o envolvendo dos moradores, retomando assim o sentimento de pertencimento que ao longo do tempo foi se perdendo com tanta modernidade.
Assis et al (2010) aponta que em comum, essas instituições possuem o anseio por um bairro com menos problemas sociais, com menos violência, menos lixo e menos poluição sonora.
Em 2010 foi publicado um material intitulado “Memórias do Engenho”, material este de onde trago muitas informações para este Blog, ou seja, utilizo-o como fonte de pesquisa. Na época, habia um Projeto chamado Engenho em Moviemnto, onde as principais pautas eram: a revitalização do Parque Solar Boa Vista e a criação do Conselho Local de Segurança.
Para chamar a atenção da comunidade, da imprensa e das autoridades, na chegada da primavera, o coletivo colore o Engenho Velho, levou para as ruas mais de 2000 pessoas, principalmente as crianças das escolas do bairro.
Dentre as instituições que aderiram ao Engenho em Movimento, destacam-se: Associação de Samba Duro, Associação Santa Luzia, Cine-Teatro Solar Boa Vista, Escola Jardim da Acácias, Escola Ninos e Ninas, Escola Municipal Landulfo Alves, Escola Municipal João XXIII, Escola Municipal Martagão Gesteira, Espaço Cultural Pierre Verger, GRID, Grupo União, Programa 2º Tempo – Núcleo de Esportes, Ronda Escolar, SIGA V – Brotas, 26ª CIPM.

Bom, esta pauta permanece até hoje, uma vez que a situação piorou em janeiro de 2013, ano em que o casarão onde funcionava a Secretaria Municipal de Educação (SMED) incendiou. De lá pra cá, o casarão foi evacuado e no início deste ano foi cercado com uma espécie de tapume de alumínio, lembrando telhas de flanges.